BEIJING - A PORTA DE ENTRADA DA CHINA
- masf125
- 3 de nov. de 2019
- 11 min de leitura
Atualizado: 23 de ago. de 2021
Beijing fala muito da China. Tem o lado moderno, consumista, e também toda a história, passada e recente, que monta um mosaico através do qual o turista começa a entender melhor como é a vida neste país. Quer conhecer a China? Vá para Beijing. Quer mais? Use Beijing como ponto de partida outros lugares. Beijing, o que não pode faltar nesta viagem.
PREPARATIVOS - PERDENDO O MEDO
Sem medo, dá para se virar mesmo não conhecendo a língua. Um pouco de dificuldade para se alimentar, atrações turísticas bem preservadas mas ainda confusas para os estrangeiros, muitas multidões em todos os lugares, bons hotéis, preços razoáveis e, o que é bastante importante, segurança. A cidade é enorme mas quem está acostumado a viajar não terá grandes problemas. Seu inglês não é tão bom? Não se preocupe, o deles também não.
Várias companhias aéreas fazem o destino. Da cidade, por trem ou avião, você pode se deslocar para outras regiões do país.
Sem muita complicação na escolha dos hotéis. Pegue o mapa, olhe onde fica a Cidade Proibida e a Praça da Paz Celestial, região principal da cidade, e a partir daí escolha um hotel próximo a uma linha de metrô que tenha um bom acesso a elas. Outras referências são as regiões de Wangfujing e Quianmen, aí não vai ter erro. Se tiver receio, escolha um hotel de rede porque eles mantem um bom padrão de conforto e atendimento. Faça as reservas com o máximo de antecedência para garantir bons preços.
Quanto tempo ficar? Tem bastante coisa para fazer e você vai gastar praticamente um dia para cada ponto turístico, então deixe uns bons dias reservados para Beijing se quiser conhecer bem a cidade, pelo menos uns seis, afinal você está indo de muito longe, não é? Tente aproveitar a cidade ao máximo.
Não deixe de ver o post China, Encarando o Desafio, onde tento explicar todos os passos para uma viagem sem muitos problemas.
Chegando à cidade
Beijing atualmente tem dois aeroportos internacionais, o Internacional de Beijing e o recém inaugurado Daxing, o maior aeroporto do mundo, este ainda recebendo apenas algumas companhias aéreas.
O Aeroporto Internacional de Pequim é bem sinalizado e fácil para você se orientar. Uma diferença é que após retirar sua bagagem da esteira você terá que passá-la novamente no raio x e pode ser escolhido para abri-la para inspeção. Se isso acontecer, já tenha todo o seu itinerário e passagens na mão porque eles vão querer saber de tudo o que você pretende fazer por lá.
Próximo passo é, se você não tiver nenhum yuan (renminbi), fazer a troca de uma pequena quantidade no próprio aeroporto. Tem bancos após a saída do desembarque.
Melhor forma de sair do aeroporto é de táxi, que por lá não são muito caros. Tem ponto oficial bem indicado. Tenha o nome do seu hotel escrito em mandarim. Tem pessoas orientando e se você estiver em um grupo um pouco maior, eles podem conseguir carros que acomodem todos. Tem ônibus também indo para as estações principais de trens e a possibilidade de usar o metrô, só que, vai por mim, você vai preferir ir de táxi. Os transportes públicos são cheios e com mala grande fica impossível andar na cidade. Então, pegue o táxi mesmo e vá tranquilo para o seu hotel.
Nos hotéis maiores o inglês é falado na recepção mas não espere isso de outros funcionários. Se o seu hotel fizer câmbio vá trocando seu dinheiro por lá mesmo. Lembro que na China não existem casas de câmbio, o dinheiro é trocado nos hotéis, bancos (muita burocracia) e em algumas máquinas que apenas trocam dólar por yuan, não o inverso.
Instalado e com dinheiro, agora é respirar fundo e sair para conhecer a cidade.
Nossa, quanta gente!
Beijing é uma cidade muito grande. Tem áreas modernas, bem cuidadas e regiões mais antigas com casinhas em becos. Com o passar dos dias você se acostuma com essas diferenças e se sente mais à vontade para explorar a cidade. Agora, por mais que você esteja preparado, o que realmente vai lhe chocar é a quantidade de pessoas que você vai encontrar em quase todos os lugares. Tem hora em que o movimento é a atração principal. Depois da multidão, o que chamará sua atenção são a infinidade de câmeras espalhadas por toda a cidade. E, opa, revista e raio-x na entrada das estações de metrô, trens; passaporte que você terá que mostrar várias vezes ao dia para comprar ingressos, entrar em atrações. Realmente isso incomoda no inicio mas depois, prometo que você se acostuma.
O trânsito, por incrível que pareça, não é tão caótico para uma cidade grande mas não espere facilidades para os pedestres. Para atravessar uma avenida se prepare para escadas, passarelas e passagens subterrâneas, portanto, sapatos confortáveis. E uma roupa arrumadinha, para não destoar da população, que por lá é vaidosa e bem vestida.
Você irá usar o metrô para conhecer a cidade, muito tranquilo. Baixe um aplicativo off line. Não tenha medo, ele é bem sinalizado e você não irá se perder. Compre um cartão recarregável e vá monitorando o saldo. No final, devolva o cartão e receba o valor que pagou por ele de volta. Leve uma foto no celular do cartão que irá comprar porque provavelmente o caixa não vai saber o que você está querendo e dê em dinheiro o valor que você está querendo colocar no cartão. Quando sair da estação, pegue a saída que o instinto indicar e ponha o seu mapinha (também off line, não se esqueça) para funcionar e guarde as referências do caminho. Corre o risco de você de você se perder feio na volta.
Nas atrações turísticas você não encontrará muitas indicações em inglês. Somando-se isso à multidão nestes lugares, alguns passeios podem ficar meio atordoantes, procure manter sua calma e aproveitar o que der, sem estresse, a China é assim mesmo.
E quanto à tão falada poluição, a impressão é que a cidade é empoeirada o tempo todo. Horizonte sempre cinza. Sabe aquela roupa de viagem que você usa algumas vezes? Pois é, volte para o hotel, vá no box do chuveiro e bata bem para a poeira ir embora e você poder usar em outro dia.
PRIMEIRA ATRAÇÃO? A CIDADE PROIBIDA
Atração principal de Beijing, a Cidade Proibida fica bem no centro da cidade, junto à Praça da Paz Celestial. Pare na estação de metrô Tian'anmen East da linha 1 e siga a multidão. Você irá passar pela inspeção para entrar na praça, cruzar a grande imagem de Mao Tsé Tung e então, emoção, estará diante do portão de entrada. As bilheterias ficam logo ali.
O que esperar? Um lugar imenso (mais de 700 mil metros quadrados) com inúmeras construções (as laterais parecem um labirinto) muito bem conservadas, exibindo telhados exuberantes com telhas amarelas (cor imperial). Não espere o luxo dos palácios ocidentais e, que pena, quase tudo você só olha por fora. Tenha um roteiro de visita na cabeça (algumas orientações de roteiros no site https://en.dpm.org.cn/) ou pense no audio guide. Preste muita atenção porque é facílimo você se perder. Tente sempre voltar para a região central e seguir em frente. Infelizmente não há boas explicações por escrito do que você está vendo, as placas indicativas também deixam você confuso e tudo parece igual. Mesmo nos museus, não há referências das peças em inglês. Junte-se a isso uma quantidade absurda de turistas que lhe atropelam, entram na frente da sua foto e furam filas. Entendeu, paciência é fundamental e abstração também. Tente esquecer as pessoas ao seu redor e prestar atenção aos detalhes para aproveitar o passeio. Quanto tempo de visita? Depende, pode ser de algumas horas ao dia inteiro mas acho que meio período está bom porque depois de algum tempo tudo se torna repetitivo. O ideal é entrar pelo portão da Praça da Paz Celestial e sair pelo portão no outro extremo (portão norte), passando pelo Jardim Imperial, para visitar o Parque Jingshan.
No parque, segure um pouco o cansaço, sente um pouquinho em algum banco, tome um pouco de água e vá até a parte mais alta. Parece muita subida mas não é não. De lá você terá uma vista incrível de toda a Cidade Proibida. Vale a pena.
O problema agora é voltar, nenhuma estação de metrô por perto. Se der sorte, você pega um táxi. Tem vários pontos de ônibus mas aí vai da sua segurança se arriscar a usar um sem entender para onde ele está indo. Se sua opção é voltar a pé, vá contornando por fora a muralha da cidade até voltar ao ponto inicial. Poderá passar por alguns lugares estranhos mas nenhum parece inseguro. Bem, chegando ao metrô vá para o hotel descansar. De agora em diante, garanto, tudo fica mais fácil.
TEMPLO DO CÉU - FALANDO EM TAOISMO
Depois da cidade Proibida, um lugar mais tranquilo, o Templo do Céu.
O Templo do Céu (Temple of Heaven) é um complexo de templos taoistas (filosofia e religião que prega a harmonia do homem com a natureza) que ficam dentro do Parque Tiantan Gongyuan. Era lá que os imperadores faziam os rituais por boas colheitas e agradecimento pelos frutos obtidos. O parque é bonito, bem sinalizado e com toda a história bem explicada. Nele, a população local que o frequenta, se exercita e dança.
O acesso de metrô é fácil. Vá até a estação Tiantandongmen da linha 5. Saindo da estação você já verá o muro do parque. Se ele estiver atrás de você, siga à direita e você terá acesso ao portão leste. Se for para o lado errado verá o Hongqiao Market do outro lado da rua. Compre ingresso para conhecer o parque inteiro. Passeio para meio período.
PALÁCIO DE VERÃO – O JARDIM DA HARMONIA CULTIVADA
É um complexo de quase três quilômetros quadrados com construções, lagos e jardins. Sim, isso mesmo, é enorme. Foi construído a partir do século XVIII em um local onde já havia sido construído um palácio no século XI. A colina é chamada da Longevidade e o lago Kunming foi criado para lembrar o lago de Hangzhou de outro lugar da China. Tudo muito bonito, bem conservado, bastante natureza e lindas vistas. Vá confiante na sua resistência física porque terá que andar bastante, incluindo escadas e subidas. Deixe um dia todo para a visita porque tem que contar o tempo que vai ficar perdido. Roupa confortável, tênis, água. Lá dentro tem muita coisa bonita para ver mas as placas não ajudam e os funcionários não entendem o que você pergunta. Fica difícil até você achar a saída, e além do mais elas são várias e nem sempre próximo ao metrô. Portanto, vá guardando o caminho e tente sair pela entrada principal. Logo após a bilheteria tem quiosque oferecendo audioguia. Apesar dele funcionar em apenas alguns pontos e você achar que ele pode estar quebrado, vale muito a pena para você entender a história de cada lugar. A devolução pode ser feita em qualquer outro quiosque perto das saídas. Ah, e conselho, se tiver com amigos, já combine uma estratégia se acaso se perderem um do outro, porque aí, reencontro só no hotel. Melhor cada um saber o caminho de volta.
Tem estação de metrô (Beigongmen, linha 4) a uma pequena caminhada do portão principal. Bom usar o mapa offline quando sair da estação para não ir para o lado errado.
Compre o ingresso que dá direito a visitar todos os locais e dê uma olhada no site oficial http://www.summerpalace-china.com/English/index.htm para ter uma ideia de tudo o que tem por lá. Chegue de manhã porque o passeio é longo.
PRAÇA DA PAZ CELESTIAL - LEMBRANÇAS RECENTES DE PEQUIM
Quando falamos na Praça da Paz Celestial ( Praça Tiananmen), lembramos do movimento estudantil de 1989, que foi reprimido duramente pelo governo, levando ao massacre de centenas de jovens que ocupavam o local em protesto. Para quem guarda aquelas imagens na memória, visitar a praça traz emoção. Com uma infinidade de câmeras, muito policiada, inspeção para a entrada, monumentos, ela nos remete a essa face da China, que apenas nos damos conta quando lembramos das barreiras de acesso à internet bloqueando sites no nosso celular. Mas o que vemos também é a beleza da praça e os muitos turistas, principalmente chineses, aproveitando para tirar fotos nesta que é um dos símbolos maiores de Beijing. Rodeando a enorme praça, a terceira maior do mundo, temos a Cidade Proibida, o Museu Nacional da China, a Torre Qianmen com o museu sobre a história de Pequim, o Grande Palácio do Povo, o Mausoléu de Mao Zedong, fundador da República Popular da China e, ao centro, o Monumento dos Heróis do Povo, com o seu grande obelisco.
TEMPLO DOS LAMAS - O BUDISMO TIBETANO
Esse belo templo é um daqueles lugares obrigatórios para quem quiser mergulhar na religiosidade tibetana. Ele é o mais importante desse budismo fora do Tibet. Complexo rico em imagens e simbologia, é lá que chineses queimam seus incensos e proferem sua fé. Construido no século XVII como palácio imperial, depois foi oferecido aos monges tibetanos. Interessante ler sobre o templo antes de conhecê-lo para conseguir entendê-lo melhor. Gostei do site http://www.chine-culture.com/pt/viajar-na-China/Pequim/templo-Lama.php
Fica próximo ao metrô Yonghegong, linha 2 e 5. Próximo a ele, se tiver interesse, você pode visitar o Templo do Confúcio, muito menos interessante.
FINALMENTE, A GRANDE MURALHA
Beleza surpreendente, não é à toa que é uma das maravilhas do mundo. Difícil descrever, parece infinita, sempre diferente e além dela, montanhas e montanhas. Bem mais que o esperado.
De Beijing você poderá visitar alguns pontos da muralha. Quanto mais perto de Beijing, mais cheia de turistas. O ideal é ir para algum ponto mais longe. Dá para chegar em alguns por conta própria mas como tudo é um pouco complicado, se você quiser relativa tranquilidade, pode contratar um passeio em agências de turismo na cidade ou no seu hotel. Não se preocupe, não é traumatizante e você vai despreocupado. Nomes de locais de visita: Badaling (o mais próximo de Beijing e o mais movimentado), Mutianyu (não tão longe e mais tranquilo), Jinshanling, Simatai (mais distantes). A maior parte dos passeios contratados levam você para Mutianyu. São passeios de um dia que deixam você com os ingressos na entrada do ponto da muralha que você irá visitar e geralmente, tem um almoço no final. Você terá um bom tempo livre para andar na muralha e melhor, por sua conta, o guia ficou lá embaixo. Não espere preços em conta porque tudo que é voltado para turista estrangeiro na China é caro.
Vá de sapatos confortáveis, leve água e algum agasalho. Prepare-se para tirar muitas fotos e driblar a multidão. Aquela foto de você sozinho? Vai ter que ter paciência para conseguir mas sabe, tire fotos com todo mundo e seja feliz. Passeio para se guardar.
RUAS DE COMPRAS - MESMO QUE VOCÊ NÃO QUISER COMPRAR
E por falar em compras, lojas é o que não faltam. A mais famosa rua de compras é Wangfujing com seus shoppings, lojas e restaurantes. Toda pedoral, é lá que você vai querer passear no final do dia e ficar até o anoitecer. Mesmo que a intenção não seja compras (os preços não são lá tão interessantes), vale a pena olhar as vitrines, as lojas de chás, de doces... Bom lugar para se comer sem estresse, tem muitos restaurantes por lá e também as praças de alimentação dos shoppings. E, depois das 18 horas, ir ao Wangfujing Night Market, local típico onde você encontra todos os tipos de comida de rua chineses. Bem, não precisa experimentar nada, ok?
Outras ruas importantes são a Xidan e a Dashilar com suas lojinhas antigas.
COMER, UMA AVENTURA
Definitivamente, a comida chinesa não é para qualquer um, principalmente se você quiser saber o que está comendo. Oferta tem por toda a parte. O forte mesmo é a comida de rua. Você não encontra restaurantes convencionais em alguns lugares e nada de comida ocidental. Tem as redes como KFC e McDonald's mas com sabor diferente ao que estamos habituados. Alguns supermercados pequenos mas sem muita variedade. Pão, só se for industrializado. Algumas frutas mas com preço alto. As praças de alimentação dos shoppings ajudam bastante, mas mesmo assim não é fácil porque quando você encontra o que quer comer vai ter dificuldade de pedir e eles de entenderem. Portanto, se você não for daqueles que comem de tudo, aproveite para fazer uma dieta. Agora, tem muitas coisas que são boas e escolha um restaurante legal para comer o pato de pequim. Esse vale a pena.
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